Questões de Literatura do ENEM

Questões de Literatura retiradas das provas anteriores do Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM

cód. #75333

INEP - Literatura - 2021 - Exame Nacional do Ensino Médio - Primeiro Dia e Segundo Dia - Digital

Seixas era homem honesto; mas ao atrito da secretaria e ao calor das salas, sua honestidade havia tomado essa têmpera flexível da cera que se molda às fantasias da vaidade e aos reclamos da ambição.


Era incapaz de apropriar-se do alheio, ou de praticar um abuso de confiança; mas professava a moral fácil e cômoda, tão cultivada atualmente em nossa sociedade.


Segundo essa doutrina, tudo é permitido em matéria de amor; e o interesse próprio tem plena liberdade, desde que se transija com a lei e evite o escândalo.


ALENCAR, J. Senhora. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 7 out. 2015.


A literatura romântica reproduziu valores sociais em sintonia com seu contexto de mudanças. No fragmento de Senhora, as concepções românticas do narrador repercutem a

A) resistência à relativização dos parâmetros éticos.

B) idealização de personagens pela nobreza de atitudes.

C) crítica aos modelos de austeridade dos espaços coletivos.

D) defesa da importância da família na formação moral do indivíduo.

E) representação do amor como fator de aperfeiçoamento do espírito.

A B C D E

cód. #75334

INEP - Literatura - 2021 - Exame Nacional do Ensino Médio - Primeiro Dia e Segundo Dia - Digital

O laço de fita


Não sabes, criança? 'Stou louco de amores...

Prendi meus afetos, formosa Pepita.


Mas onde? No templo, no espaço, nas névoas?!

Não rias, prendi-me

Num laço de fita.

Na selva sombria de tuas madeixas,

Nos negros cabelos de moça bonita,

Fingindo a serpente qu'enlaça a folhagem,


Formoso enroscava-se

O laço de fita.


[...]


Pois bem! Quando um dia na sombra do vale

Abrirem-me a cova... formosa Pepita!


Ao menos arranca meus louros da fronte,

E dá-me por c'roa...

Teu laço de fita.


ALVES, C. Espumas flutuantes. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 8 ago. 2015 (fragmento).


Exemplo da lírica de temática amorosa de Castro Alves, o poema constrói imagens caras ao Romantismo. Nesse fragmento, o lirismo romântico se expressa na

A) representação infantilizada da figura feminina.

B) criatividade inspirada em elementos da natureza.

C) opção pela morte como solução para as frustrações.

D) ansiedade com as atitudes de indiferença da mulher.

E) fixação por signos de fusão simbólica com o ser amado.

A B C D E

cód. #75158

INEP - Literatura - 2021 - Exame Nacional do Ensino Médio - Primeiro e Segundo Dia - PPL

Leito de folhas verdes


Brilha a lua no céu, brilham estrelas,

Correm perfumes no correr da brisa,

A cujo influxo mágico respira-se

Um quebranto de amor, melhor que a vida!


A flor que desabrocha ao romper d’alva

Um só giro do sol, não mais, vegeta:

Eu sou aquela flor que espero ainda

Doce raio do sol que me dê vida.


DIAS, G. Antologia poética. Rio de Janeiro: Agir, 1979 (fragmento).


Na perspectiva do Romantismo, a representação feminina espelha concepções expressas no poema pela

A) reprodução de estereótipos sociais e de gênero.

B) presença de traços marcadores de nacionalidade.

C) sublimação do desejo por meio da espiritualização.

D) correlação feita entre estados emocionais e natureza.

E) mudança de paradigmas relacionados à sensibilidade.

A B C D E

cód. #75475

INEP - Literatura - 2021 - Exame Nacional do Ensino Médio - Primeiro Dia e Segundo Dia

Montaigne deu o nome para um novo gênero literário; foi dos primeiros a instituir na literatura moderna um espaço privado, o espaço do “eu", do texto intimo. Ele cria um novo processo de escrita filosófica, no qual hesitações, autocríticas, correções entram no próprio texto.
COELHO. M. Montaigne. São Paulo Publicita. 2001 (adaptado).
O novo gênero de escrita aludido no texto é o(a)

A) confissão, que relata experiências de transformação.

B) ensaio, que expõe concepções subjetivas de um tema.

C) carta, que comunica informações para um conhecido.

D) meditação, que propõe preparações para o conhecimento.

E) diálogo, que discute assuntos com diferentes interlocutores.

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cód. #3252

INEP - Literatura - 2019 - Exame Nacional do Ensino Médio - Primeiro Dia e Segundo Dia

1. Nós queremos cantar o amor ao perigo, o hábito da energia e da temeridade.

2. A coragem, a audácia, a rebelião serão elementos essenciais de nossa poesia.

3. A literatura exaltou até hoje a imobilidade pensativa, o êxtase, o sono. Nós queremos exaltar o movimento agressivo, a insônia febril, o passo de corrida, o salto mortal, o bofetão e o soco.

4. Nós afirmamos que a magnificência do mundo enriqueceu-se de uma beleza nova: a beleza da velocidade. Um automóvel de corrida com seu cofre enfeitado com tubos grossos, semelhantes a serpentes de hálito explosivo... um automóvel rugidor, que parece correr sobre a metralha, é mais bonito que a Vitória de Samotrácia.

5. Nós queremos entoar hinos ao homem que segura o volante, cuja haste ideal atravessa a Terra, lançada também numa corrida sobre o circuito da sua órbita.

6. É preciso que o poeta prodigalize com ardor, fausto e munificiência, para aumentar o entusiástico fervor dos elementos primordiais.

MARINETTI, F. T. Manifesto futurista. In: TELES, G. M. Vanguardas europeias e Modernismo brasileiro. Petrópolis: Vozes, 1985.


O documento de Marinetti, de 1909, propõe os referenciais estéticos do Futurismo, que valorizam a

A) composição estática.
B) inovação tecnológica.
C) suspensão do tempo.
D) retomada do helenismo.
E) manutenção das tradições.

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cód. #5134

INEP - Literatura - 2017 - Exame Nacional do Ensino Médio - Primeiro e Segundo Dia - PPL

Sou um homem comum

brasileiro, maior, casado, reservista,

e não vejo na vida, amigo

nenhum sentido, senão

lutarmos juntos por um mundo melhor.

Poeta fui de rápido destino

Mas a poesia é rara e não comove

nem move o pau de arara.

Quero, por isso, falar com você

de homem para homem,

apoiar-me em você

oferecer-lhe meu braço

que o tempo é pouco

e o latifúndio está aí matando

[...]

Homem comum, igual

a você,

[...]

Mas somos muitos milhões de homens

comuns

e podemos formar uma muralha

com nossos corpos de sonhos e margaridas.

FERREIRA GULLAR. Dentro da noite veloz. Rio de Janeiro: José Olympio, 2013 (fragmento).


No poema, ocorre uma aproximação entre a realidade social e o fazer poético, frequente no Modernismo. Nessa aproximação, o eu lírico atribui à poesia um caráter de

A) agregação construtiva e poder de intervenção na ordem instituída.
B) força emotiva e capacidade de preservação da memória social.
C) denúncia retórica e habilidade para sedimentar sonhos e utopias.
D) ampliação do universo cultural e intervenção nos valores humanos.
E) identificação com o discurso masculino e questionamento dos temas líricos.

A B C D E

cód. #5296

INEP - Literatura - 2017 - Exame Nacional do Ensino Médio - Primeiro e Segundo Dia


A obra de Rubem Valentim apresenta emblemas que, baseando-se em signos de religiões afro-brasileiras, se transformam em produção artística. A obra Emblema 78 relaciona-se com o Modernismo em virtude da

A) simplificação de formas da paisagem brasileira.
B) valorização de símbolos do processo de urbanização.
C) fusão de elementos da cultura brasileira com a arte europeia.
D) alusão aos símbolos cívicos presentes na bandeira nacional.
E) composição simétrica de elementos relativos à miscigenação racial.

A B C D E

cód. #5319

INEP - Literatura - 2017 - Exame Nacional do Ensino Médio - Primeiro e Segundo Dia

O farrista


Quando o almirante Cabral

Pôs as patas no Brasil

O anjo da guarda dos índios

Estava passeando em Paris.

Quando ele voltou de viagem

O holandês já está aqui.

O anjo respira alegre:

“Não faz mal, isto é boa gente,

Vou arejar outra vez.”

O anjo transpôs a barra,

Diz adeus a Pernambuco,

Faz barulho, vuco-vuco,

Tal e qual o zepelim

Mas deu um vento no anjo,

Ele perdeu a memória...

E não voltou nunca mais.

MENDES, M. História do Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1992.


A obra de Murilo Mendes situa-se na fase inicial do Modernismo, cujas propostas estéticas transparecem, no poema, por um eu lírico que

A) configura um ideal de nacionalidade pela integração regional.
B) remonta ao colonialismo assente sob um viés iconoclasta.
C) repercute as manifestações do sincretismo religioso.
D) descreve a gênese da formação do povo brasileiro.
E) promove inovações no repertório linguístico.

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cód. #5387

INEP - Literatura - 2016 - Exame Nacional do Ensino Médio - Primeiro e Segundo Dia (2ª Aplicação)

Do amor à pátria

São doces os caminhos que levam de volta à pátria. Não à pátria amada de verdes mares bravios, a mirar em berço esplêndido o esplendor do Cruzeiro do Sul; mas a uma outra mais íntima, pacífica e habitual — uma cuja terra se comeu em criança, uma onde se foi menino ansioso por crescer, uma onde se cresceu em sofrimentos e esperanças plantando canções, amores e filhos ao sabor das estações.

MORAES, V. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1987.

O nacionalismo constitui tema recorrente na literatura romântica e na modernista. No trecho, a representação da pátria ganha contornos peculiares porque

A) o amor àquilo que a pátria oferece é grandioso e eloquente.
B) os elementos valorizados são intimistas e de dimensão subjetiva.
C) o olhar sobre a pátria é ingênuo e comprometido pela inércia.
D) o patriotismo literário tradicional é subvertido e motivo de ironia.
E) a natureza é determinante na percepção do valor da pátria.

A B C D E

cód. #5398

INEP - Literatura - 2016 - Exame Nacional do Ensino Médio - Primeiro e Segundo Dia (2ª Aplicação)

                                        Casamento

Há mulheres que dizem:

Meu marido, se quiser pescar, pesque,

mas que limpe os peixes.

Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,

ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.

É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,

de vez em quando os cotovelos se esbarram,

ele fala coisas como “este foi difícil”

“prateou no ar dando rabanadas” e

faz o gesto com a mão.

O silêncio de quando nos vimos a primeira vez

atravessa a cozinha como um rio profundo.

Por fim, os peixes na travessa,

vamos dormir.

Coisas prateadas espocam:

somos noivo e noiva.

                            PRADO, A. Poesia reunida. São Paulo: Siciliano, 1991

O poema de Adélia Prado, que segue a proposta moderna de tematização de fatos cotidianos, apresenta a prosaica ação de limpar peixes na qual a voz lírica reconhece uma

A) expectativa do marido em relação à esposa.
B) imposição dos afazeres conjugais.
C) disposição para realizar tarefas masculinas.
D) dissonância entre as vozes masculina e feminina.
E) forma de consagração da cumplicidade no casamento.

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